Nas andanças da vida e a partir da minha curiosidade extrema, tenho me dedicado a conhecimentos e arriscado experiências que, aparentemente, parecem conflitantes. Psicodrama, Psicanálise, Saúde Mental, Espiritualidade, Artes e Práticas Integrativas/alternativas de saúde (Homeopatia, Acunputura, Body Talk, Yoga, Meditação Andina, Reiki, Kainapi, etc).
Hoje me pergunto: como funciona isso tudo? É possível integrar tantas fontes? Não sei. Ainda estou descobrindo, em processo de desenvolvimento. Tenho ainda muito a aprender.
Me especializei na Psicanálise, minha base, meu chão, meu ganha pão. Mas meu universo pede que eu vá mais além, me leva ir atrás das transformações e do contato com a sensibilidade, isso passa pela necessidade de me sentir viva e cada vez mais humana.
Agradeço a muitos, muitas pessoas queridas que fazem parte dessa caminhada. Não sei se li em algum lugar, mas já ouvi dizer e ouso repetir que, após tantas revoluções vividas pela humanidade, estamos caminhando para uma evolução da subjetividade, e para que esta possa acontecer, temos algumas vias importantes: a criatividade e a coletividade.
Para superar as crises, é preciso criar e se reiventar. Trilhar novos caminhos, aperfeiçoá - los. E isso só tem ressonância quando se tem um coletivo que te respalda, que colabora e se retroalimenta de forma mais equilibrada e sustentável.
Delírio? Sonho? Utopia? Pode ser, mas isto me faz viver um agora mais feliz, conecta-me com minha essência e me projeta para um futuro melhor. Espero que seja de forma mais compartilhada, em comunidade e sempre reverenciando minhas raízes.
Lírios e Rabiscos
terça-feira, 13 de setembro de 2016
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
Maternidade...
No dia em que descobri que seria mãe de uma bebezinha, escutei Nando Reis na rádio e fiquei pensando... Qual deverá ser a cor do amor? E a cor da maternidade? Enfim, é óbvio que a pergunta ficou rolando e a poesia do Nando Reis também...
Com a maternidade, é impressionate como estou sentindo vontade de acompanhar e realizar cada coisinha... Os móveis do quarto, a decoração, os materiais orgânicos e artesanais para o berço... Me dá inclusive vontade de confeccionar tudo, sabe? Infelizmente como tenho mais olhos (imaginação) do que mãos (capacidade de realização), vou recorrer à ajuda de outras pessoas. Espero que essa jornada seja representada como uma alegre mistura de gostos e matizes do pai, da mãe e da bebê.
Assim, compartilho um pouco do colorido que sinto ao longo da espera da minha pequena CORA!
"Pra você guardei o amor
Que nunca soube dar
O amor que tive e vi sem me deixar
Sentir sem conseguir provar
Sem entregar
E repartir
Pra você guardei o amor
Que sempre quis mostrar
O amor que vive em mim vem visitar
Sorrir, vem colorir solar
Vem esquentar
E permitir
Quem acolher o que ele tem e traz
Quem entender o que ele diz
No giz do gesto o jeito pronto
Do piscar dos cílios
Que o convite do silêncio
Exibe em cada olhar
Guardei
Sem ter porque
Nem por razão
Ou coisa outra qualquer
Além de não saber como fazer
Pra ter um jeito meu de me mostrar
Achei
Vendo em você
E explicação
Nenhuma isso requer
Se o coração bater forte e arder
No fogo o gelo vai queimar
Pra você guardei o amor
Que aprendi vendo os meus pais
O amor que tive e recebi
E hoje posso dar livre e feliz
Céu cheiro e ar na cor que o arco-íris
Risca ao levitar
Vou nascer de novo
Lápis, edifício, tevere, ponte
Desenhar no seu quadril
Meus lábios beijam signos feito sinos
Trilho a infância, terço o berço
Do seu lar"
Nando Reis
domingo, 12 de junho de 2011
Mestre Arraia: nosso saudoso visionário
Amanhã, dia 13. 06. 2011, meu pai receberá uma homnagem póstuma na CLDF: título de cidadão honorário de Brasília, junto aos amigos e mestres Tabosa, Fritz e Cláudio - Danadinho.
Aldenor , nascido em 17 de janeiro de 1946 em Jacobina – BA
Filho de Amarílio e Arlinda
Irmão de Adilson e Maria
Pai de Áli e Marília
Avô de Leonardo e Gabriela
Nosso pai nasceu em Jacobina, passou a maior parte de sua infância e adolescência em Salvador. Seu pai Amarílio era um homem muito interessado nos estudos, formou-se pela Faculdade de Direito da Bahia e teve uma carreira profissional promissora: advogado, juiz, professor, deputado, ministro. A mãe, Arlinda, era uma mulher elegante, reservada, protetora dos filhos e ótima cozinheira.
Do tempo em Salvador, ele gostava mesmo de contar sobre suas vivências, os colegas de escola e a participação na luta estudantil logo que ingressou na faculdade de História na Universidade Federal da Bahia. Sobre as vivências na cidade, conheceu a capoeira e dois grandes mestres Pastinha e Bimba. Aldenor participou de várias rodas, vivia na rua, jogando, conversando, falando... Seus pais não compreendiam muito bem seus interesses, suas lutas, mas, de certo modo, eles permitiam que Aldenor seguisse lutando.
Em 1960, sua família veio para Brasília, para seu pai assumir o cargo de ministro do Tribunal Federal de Recursos. Aldenor continuou suas lutas em Salvador – unindo capoeira e movimento estudantil frente à ditadura. No front das passeatas, Arraia e seus companheiros protegiam os estudantes.
Deve ter vindo para Brasília nos meados dos anos 60. Os pais o trouxeram por temerem sua situação em Salvador, tanto por motivos de saúde quanto pela repressão. Aqui, ingressou na Faculdade de Direito no CeuB e passou a ensinar capoeira sob os pilotis dos blocos na 206 sul, quadra em que morou e atraiu vários de seus amigos: Eldir Coelho, Otávio, João Paulo Peixoto, Carlos Henrique Lima Santos, Alfredo (Fritz), Conde (José Luís), Dedé, João Claudio Pinheiro, Chico dos Anjos, Armando Rollemberg, Pedro Abelha, entre outros.
Na 206 ainda, conheceu sua primeira mulher, Fernanda, socióloga com quem formou uma família e dividiu muitos amigos, idéias e sonhos. Em 1977, nasce Áli. Em 1981, Marília. Na década de 70, configura-se ainda mais o grupo da capoeira no Elefante Branco: Tabosa, Fritz, Barto e Danadinho. E, conhecendo e trocando também com Adilson, Zulu, Gilvan, Squisito, entre muitos mais.
Na década de 80, com o nascimento, crescimento dos filhos e problemas de saúde, foi se afastando do ensino da capoeira. Mas, seu pensamento sempre se manteve lá, na luta, na dança, nas raízes de sua tradição e de muitos sonhos. Seus companheiros continuaram e prosseguiram aos poucos realizando a capoeira em Brasília.
Entre 1984 e 1985, após separação, voltou a Salvador. Próximo aos anos 90 conheceu sua segunda mulher Tereza, que já tinha filhos criados, mas com quem partilhou a alegria de conviver e criar seus netos Léo e Gabi.
Aldenor-Arraia sempre que vinha a Brasília, com sua cadernetinha telefônica entrava em contato com os amigos, para matar a saudade e, com certeza, para acompanhar o andamento da capoeira e de seus mestres. Seu lado de pai protetor e orgulhoso era forte. Nos últimos anos de sua vida, era marcante a presença e carinho de dois amigos: Eldir, irmão, companheiro, e Mestre Barto – amigo, que o escutava e dividia as preocupações.
Em janeiro de 2005, faleceu na sua “terra-santa”, na Bahia, em Porto Seguro, lugar que amava e se sentia em casa. No mesmo Porto onde muitos chegaram e também partiram do nosso Brasil para outros mundos.
Viva, axé! Era assim que ele gostava de cumprimentar e a vocês deixo sua mensagem de celebração, realização, força e luta!
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